Presidente da Confederação Nacional Saúde, Breno Monteiro destaca ainda que 292 mil famílias que precisam de atendimento domiciliar serão prejudicada com o aumento dos custos dos serviços

Com a votação do projeto de lei que cria um piso salarial de R$ 4,7 mil para os enfermeiros marcada para hoje na Câmara dos Deputados, o presidente da Confederação Nacional Saúde, Breno Monteiro, alerta que a aprovação elevará os gastos para 292 mil famílias que precisam de assistência domiciliar, podendo até inviabilizar esses serviços, ampliará as dificuldades de hospitais filantrópicos manterem as portas abertas e causará um aumento de 12% no preço dos planos de saúde. “Esse projeto não tem viabilidade de execução. Muito se falou de encontrar fontes para fazer frente aos impactos e surgiram algumas ideias, mas até agora nada concreto”, disse.

O projeto já foi aprovado pelo Senado no fim do ano e está na pauta desta quarta-feira (04) da Câmara. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), adiou a votação por meses para levantar o real impacto da proposta para hospitais privados e públicos – segundo o estudo da Casa, seria uma despesa extra de R$ 16 bilhões – e trabalho para votar fontes de financiamento para custear esse impacto, mas até o momento não há decisão sobre quais projetos serão votados.

Para Monteiro, em vez de valorizar os profissionais de enfermagem, o projeto será “devastador” para os serviços de saúde. “A conta vai chegar ao cidadão”, disse. Entre os afetados, afirmou Monteiro, estão 292 mil famílias que dependem de enfermeiros para acompanhar parentes doentes em casa, seja em serviços de home care, seja os contratando diretamente.

“A criação do piso pode em muitos casos inviabilizar esses serviços dentro do orçamento familiar”, comentou.

A Confederação também diz que haverá repasse do aumento dos gastos para os consumidores, em hospitais privados maiores, fechamento de “uma centena de estabelecimentos” em locais onde não há como repassar os custos e dificuldade para os 1,8 mil hospitais filantrópicos que já sofrem hoje com altas dividas e uma tabela defasada de repasse pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, dados mostram que o impacto exigirá um aumento de 12% no preço dos planos de saúde.

Haverá, ainda, um efeito cascata, com outras categorias pressionando por aumentos. “Em alguns locais, o cargo de técnico (em enfermagem) será melhor remunerado do que um cargo de nível superior, como nutricionista, psicólogo”, afirmou.

Fonte: http://cnsaude.org.br/o-globo-breno-monteiro-destaca-que-292-mil-familias-que-precisam-de-atendimento-domiciliar-serao-prejudicada-com-o-aumento-dos-custos-dos-servicos/